Bolsas de valores na Europa e na Ásia despencaram nesta segunda-feira (5/8) diante da previsão de desaceleração da economia dos Estados Unidos.
A bolsa de Tóquio, no Japão, caiu 12%, no pior resultado em 37 anos, desde a chamada “segunda-feira negra” de outubro de 1987.
Em Londres, o índice FTSE 100 abriu 2,3% mais baixo, enquanto o Euronext 100 caiu 3,5%. Bolsas em Taiwan, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Hong Kong e Xangai também caíram.
As criptomoedas também caíram. O Bitcoin caiu para cerca de US$ 50.000, seu menor nível desde fevereiro.
As quedas foram consequência da divulgação de dados fracos sobre a geração de empregos nos EUA, que provocou preocupações sobre a maior economia do mundo.
Ao mesmo tempo, o iene tem se valorizado em relação ao dólar americano desde que o Banco do Japão aumentou as taxas de juros na semana passada, tornando as ações em Tóquio mais caras para investidores estrangeiros.
Desaceleração dos EUA
Especialistas atribuem as especulações sobre a desaceleração da economia americana como uma das causas para o derretimento das bolsas em todo o mundo.
Os temores foram gerados pela divulgação nos EUA de uma série de indicadores econômicos mais fracos do que o esperado.
Dados oficiais de emprego mostraram que os empregadores dos EUA criaram 114 mil vagas de trabalho em julho, bem abaixo da expectativa de 185 mil, enquanto a taxa de desemprego aumentou.
As previsões sobre geração de emprego para maio e junho foram revisadas para baixo.
Grandes empresas americanas como Amazon e Intel também relataram resultados financeiros que foram consideradas decepcionantes.
Os números levantaram preocupações de que o boom de empregos de longa duração nos EUA pode estar chegando ao fim.
Ao mesmo tempo, o Federal Reserve, banco central dos EUA, adiou o corte das taxas de juros na semana passada, em contraste com outros bancos centrais, como o Banco da Inglaterra.
Nesse contexto, há temores de que a economia dos EUA desacelere, apesar dos dados mais recentes mostrarem que ela se expandiu a uma taxa anual de 2,8%.
Shanti Kelemen, diretora de investimentos da M&G Wealth, explicou ao programa Today da BBC que a divulgação desses dados na última sexta-feira (2/8) assustou muitos investidores em todo o mundo.
Devido ao fuso horário, o mercado japonês já estava fechado quando os indicadores foram publicados. “Estamos vendo o Japão reagir às coisas que aconteceram na semana passada”, disse.
Valorização do iene
Especialistas atribuem as especulações sobre a desaceleração da economia americana como uma das causas para o derretimento das bolsas em todo o mundo
No entanto, Kei Okamura, gerente de portfólio baseado em Tóquio na empresa de investimentos Neuberger Berman, disse que na Ásia “a liquidação foi instigada pela forte valorização do [iene] à medida que os investidores globais se tornaram cautelosos com os lucros corporativos japoneses, especialmente os de exportadores como montadoras”.
A moeda japonesa se fortaleceu mais de 10% em relação ao dólar americano no último mês.
Um iene mais forte torna os produtos japoneses mais caros e, consequentemente, menos atraentes para potenciais compradores estrangeiros.
O Banco do Japão elevou as taxas de juros na semana passada para o nível mais alto desde a crise financeira global em 2008.
A inflação no Japão aumentou mais do que o esperado em junho, enquanto a economia encolheu nos primeiros três meses do ano devido a um iene mais fraco e aos gastos familiares pobres.
Os mercados de ações também já estavam preocupados com os altos custos de empréstimos e perturbados por sinais de que uma alta de longa duração nos preços das ações, alimentada em parte pelo otimismo sobre a inteligência artificial, pode estar perdendo força.
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